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Mostrando postagens de julho, 2009

Pano para Manga

Olá, Desde a minha última postagem aqui no blog, a respeito da coluna O Resgate de Um Espaço, publicada no Jornal de Santa Catarina, no dia 20 de julho por Valther Osthermann, surgiram novidades. Primeiramente eu enviei para o e-mail de Valther, essa minha postagem. E ele fez algo que me surpreendeu: colocou este texto como artigo no Santa do dia 27 de julho. Muito legal esta iniciativa. No Santa do dia 28 de julho, uma leitora enviou uma carta comentando sobre este artigo. E foi ainda mais longe. No mesmo dia em que o meu texto do blog, agora transformado em artigo, foi publicado no Santa, algumas matérias falando sobre o Parque Ramiro Ruediger também apareceram. E sempre a mesma história: que para o Parque voltar a ser "aprazível", para que as famílias blumenauenses voltem a ter segurança, é preciso aumentar a vigilância e afastar essas pessoas, delinquentes, arruaceiros, porcalhões do Parque. Quero dizer aqui que instalar postes luminosos no Parque, alertar os seus frequen

Sobre a Coluna O Resgate de um Espaço

Deus do Céu. O que é isso? Que forma de se escrever é essa? Por acaso algum problema se resolve dessa forma? "Natureza Estranha" - isso é jeito de se escrever sobre pessoas? Sim, pessoas. Os desordeiros, viciados, vândalos, porcalhões e outras depreciações, são pessoas, cidadãos, seres humanos. E outra: ao se escrever sobre isso, ao se falar que o Parque Ramiro Ruediger está uma zona, classificando aquele espaço de "Reduto da Escória Social", está sendo resolvido o problema? Não, não é não. Isto não resolve coisa alguma. Denota apenas um preconceito, grande, enorme, avassalador. Por causa dele, os andarilhos serão mal vistos sempre. PRECONCEITO... Viciados? Por que eles são viciados? Alguém já foi lá conversar com eles sobre isso? Alguém foi lá ouvir suas palavras, olhar nos seus olhos? Muito fácil colocar as pessoas em compartimentos. "Porcalhões", "Viciados", "Natureza Estranha", todos são compartimentos e longe de resolverem qualquer

O Resgate de um espaço

Hoje coloco uma matéria que apareceu esta semana e causou estupefação - pelo menos para mim. Abaixo segue a matéria - uma coluna na realidade. Depois dela, termos que eu separei e coloquei pontos de interrogação. Hoje eu envio este material. Minhas considerações virão numa outra postagem. COLUNA DO VALTHER OSTHERMANN (JSC – 20.07.2009) · O resgate de um espaço Na reunião do colegiado municipal, quinta-feira passada, foi batido o martelo: o Parque Ramiro Ruediger, ocupado por uma fauna estranha, tinha que ser devolvido à comunidade. Decisão tomada, providências providenciadas.Uma força-tarefa envolvendo vários órgãos da prefeitura, coordenada pelo presidente da Fundação Municipal de Desportos e com cobertura de segurança da PM partiu para a ação, no sábado, pedindo inclusive a retirada de alguns baderneiros. O prefeito esteve lá, gostou do que viu e determinou sua continuidade.Será um resgate, se conseguirem. Aquele parque foi transformado em reduto da escória social: desordeiros, vicia

Sobre Altino Flores

Altino Flores foi um jornalista e professor da cidade de Florianópolis. Membro da Academia Catarinense de Letras, sendo inclusive um dos fundadores, Altino foi dono de colunas de jornais, durante algumas décadas. Nasceu no final do século XIX e faleceu no começo da década de 1980. O artigo A Ambição do Menino, publicado na postagem anterior, mostra um importante fato, que não pode ser ignorado, por quem deseja ser escritor, ou fazer uso da escrita: ninguém nasce escritor. É isso mesmo. Esta atividade requer treino, prática, paciência, energia e tempo - tempo para amadurecer uma ideia, tempo para desenvolver vocabulário, fazer leituras em livros, leituras. Ninguém pense que bastará pegar um lápis e um papel, alguns minutos e pronto, estará pronto um best seller. Não mesmo. Com Altino Flores foi assim. Quem ler a sua produção como jornalista e escritor, poderá ignorar que ele foi um menino pretensioso. A realidade mostrou a ele a ilusão de sua pretensão. Com vontade de escrever, mas sem

A Ambição do Menino

Pessoal, hoje quero compartilhar com vocês um material que caiu na minha mão, de uma forma inesperada. Trata-se do artigo de uma revista do ano de 1945. Eu trabalho no Arquivo Histórico Theobaldo Costa Jamundá, da cidade de Indaial. Essa revista parou no meu local de trabalho por outro motivo. No entanto, ao ler a mesma, deparei-me com este interessante artigo, que segue abaixo. Boa leitura e depois farei postagens a respeito deste material. (extraído da revista O Vale do Itajaí – Lavoura, Comércio, Indústria, Nº01, ano 01, de 28 de fevereiro de 1945). A única preocupação do menino Altino, na Escola, era escrever pequenos artigos e a “composição” lhe fornecia as maiores notas. Não conhecia, ainda, o significado do título de “jornalista”, mas assumia a responsabilidade dos trabalhos publicados num jornalzinho manuscrito. E quando um dia recebeu um convite para colaborar, de verdade, num grande jornal, não coube em si, de contente. Era a realização do

Peixes no Aquário - parte final

Ela acendeu a luz do aquário e pude enxergar o conteúdo: peixes dourados. Aquilo me fascinou. Eram belos, nadando suavemente, parecendo bailar, como se apenas eles conhecessem a música. Era um casal. Aproximei-me e eles vieram na minha direção, abrindo e fechando suas bocas. Entenderiam eles alguma coisa? Não se preocupem vocês não são os únicos. - Estevão, eu já volto. Fique a vontade. - Sim. E ficava a admirar os peixes no aquário. Eles ali nadando, realizando sua dança por mim desconhecida, hipnotizando-me. De repente, um clique. Um clique! Botei as mãos na cabeça. Meu Deus, eu estou na casa de uma jovem de 19 anos, um amor de pessoa. Possivelmente irá acontecer algo entre nós dois essa noite, e eu quero muito que aconteça. Nunca me imaginei, nem de brincadeira, nesta situação. Desde o momento que a vi na cozinha de Jeane e Nicolas, não desgrudamos mais. Os peixes continuavam bailando e olhando-me. - “Vá em frente, não pense mais, ame-a” – eles poderiam dizer. Se fosse possível conv

Peixe no Aquário - quinta parte

Cada passo dado era como se estivesse sonhando. Isso estava realmente acontecendo? Eu estava indo para o seu apartamento, onde ela morava sozinha! Adeus Vale do Loire! Façam bom proveito do passeio, colegas de intercâmbio! Porque estou com minha morena francesa, linda moça, cativando-me mais a cada instante. O corredor era bem comprido. Uma penumbra sagrada. Não era apenas um apartamento que eu iria conhecer. Estava adentrando a intimidade de uma pessoa. Enquanto caminhava, seguindo-a de perto, senti minhas mãos trêmulas. O que era isso, hesitação? Ora, não vejo nada demais nisso, tenho 18 anos. O que é então? Por que esse nervosismo agora? Agatha discretamente ajeitava o cabelo, e fazendo-o, olhava-me de relance. Como ela consegue? Haverá uma poção de beleza que ela toma escondida? Sim, porque ela está mais bonita e eu mais... Mais o que? Agatha abriu a porta do seu apartamento. Sentindo que eu não estava ali perto, virou-se. - Está tudo bem, Estevão? - Sim, está tudo ótimo. Com um ol

Peixe no Aquário - quarta parte

- Vamos ali fora um pouco? Perguntou ela. - Sim! Sim! Sim! Respondi. Fomos à entrada da residência. Estava uma temperatura agradável. Em volta, aromas de roseiras cultivadas por residências vizinhas. E o meu coração quase em rebuliço, os pensamentos uníssonos, direcionados, concentrados em Agatha, por Agatha, para Agatha. Minha razão de viver: A-G-H-A-T-A. Ela, a moça dos meus sonhos materializada da noite para o dia, depois de mexer os cabelos mais uma vez, disse, levantando as sobrancelhas. - Eu moro aqui perto. Podes me acompanhar? - Certo. Eu vou avisar Jeane e... Não deu tempo. Agatha puxou-me, segurando minha mão. - Vem. Você a avisa depois. Caminhamos algo como dois quarteirões. Pareceram dez passos. O tempo continua brincando comigo. Chegamos à frente de um prédio com quatro andares, bonito e tradicional. Um típico prédio de classe média. Francesa, é claro. Para os padrões brasileiros, seria um prédio de gente rica. A propósito, esqueci de comentar: o percurso de dois quarteirõ

Peixe no Aquário - terceira parte

Agatha... Será esta a senha para o paraíso? Na hora de morrer, tivesse eu a imagem desta moça antes de exalar o último suspiro e de cerrar os olhos, entraria prazenteiro e feliz no limiar do desconhecido! Agatha: um sonho, uma constatação. Linda, morena, cabelos caídos nos ombros. Um olhar inteligente e enigmático. Ela deve ter minha idade, talvez um pouco mais. Mas que importam idades nesses momentos? Diante das artimanhas do coração, que importa qualquer coisa? Estava muito nervoso e feliz, muito feliz por ter aceitado o convite de Jeane e Nicolas. Ficamos ali uma meia hora, conversando sobre tudo. Contei que era brasileiro e morador de Blumenau. Ela, entre uma mexida de cabelo e outra, disse que morava em Paris há bastante tempo, mas havia nascido em Lyon, mais para o sul. Suas mãos estavam bem perto das minhas e como tinha vontade de pegar nelas. Ela estava totalmente sintonizada comigo. Esqueci o que se passava ao derredor. Se uma bomba caísse dentro da sala, eu não prestaria nenh

Peixe no Aquário - segunda parte

Como eu disse, Jeane e Nicolas eram pessoas amáveis. Só não sabia da família deles. Descobri isso depois da melhor maneira possível. Avisei os professores e estudantes, meus colegas brasileiros. Eles entenderam e desejaram-me uma boa festa. Estava rodeado de pessoas alegres e legais. Assim, eu fiquei na casa da minha família francesa, ajudando nos preparativos, que não eram poucos. Arrumar a mesa, carregar refrigerantes e petiscos, cuidar da arrumação da sala, fazer espaço no jardim para as cadeiras e a aparelhagem de som. Eu fiquei satisfeito em poder ajudar. Fiquei cansado. E tranqüilo. Estava adorando aquela situação. Nicolas tinha confiança em mim. Jeane sempre me olhava com um sorriso. Tudo muito bom. Com o anoitecer, vieram os primeiros convidados. O aniversariante, Jean Paul, uma pessoa muito divertida. Um rapaz completando 16 anos. Espirituoso, cheio de graça, despojado. Falava rápido, não entendi tudo o que ele disse. Mas valeu. Eles sabiam que eu era estrangeiro. Vinham falar