Peixes no Aquário - parte final

Ela acendeu a luz do aquário e pude enxergar o conteúdo: peixes dourados. Aquilo me fascinou. Eram belos, nadando suavemente, parecendo bailar, como se apenas eles conhecessem a música. Era um casal. Aproximei-me e eles vieram na minha direção, abrindo e fechando suas bocas. Entenderiam eles alguma coisa? Não se preocupem vocês não são os únicos.
- Estevão, eu já volto. Fique a vontade.
- Sim.
E ficava a admirar os peixes no aquário. Eles ali nadando, realizando sua dança por mim desconhecida, hipnotizando-me.
De repente, um clique. Um clique!
Botei as mãos na cabeça. Meu Deus, eu estou na casa de uma jovem de 19 anos, um amor de pessoa. Possivelmente irá acontecer algo entre nós dois essa noite, e eu quero muito que aconteça. Nunca me imaginei, nem de brincadeira, nesta situação. Desde o momento que a vi na cozinha de Jeane e Nicolas, não desgrudamos mais.
Os peixes continuavam bailando e olhando-me. - “Vá em frente, não pense mais, ame-a” – eles poderiam dizer. Se fosse possível conversar com peixes. – “Sim, vá, não espere mais, ela gosta de você, aproveite essa chance” – A coisa está ficando séria, estou tendo diálogos com peixes!
Olhei ao redor, era um apartamento bonito, com um perfume gostoso, o dela.
- Agatha.
Vendo que ela não retornava, olhei para um outro corredor, que tinha ligação com a sala. O corredor para os quartos. Espiando meio de ladinho, percebi uma luz acesa num quarto, bem no final deste corredor, e a porta meio aberta. Ela esperava por mim!
Súbito, meu coração bateu mais rápido. Era uma emoção maior. Uma felicidade. Nada de receios nem nervosismo. Estava bem relaxado, graças ao pseudo diálogo com os peixes.
- Estevão.
Dizendo isso, eis que aparece a sua cabeça, espiando para ver onde me encontrava.
- Pode vir Estevão. Vem aqui no quarto.
Ela parecia estar sem blusa. Ok! Respire fundo!
- Agatha.
Aproximei-me.
Ela então apareceu de corpo inteiro, segurando um travesseiro.
- Estevão, desde o momento que eu te vi, eu senti algo muito forte, não sei explicar.
- Eu também senti. Quero dizer, também sinto.
Acariciei o seu rosto.
- Vem.
- E depois, Agatha?
- Haverá o depois. Eu quero muito isso. Vem! Vamos fazer um depois.
Sorri.
...
Acordei no dia seguinte, abraçadinho com Agatha. Passei a melhor noite da minha vida de 18 anos. Preciso agradecer Jeane e Nicolas. Será que eles combinaram? Oh, adeus Vale do Loire, com os seus castelos de nobres reis e rainhas já falecidos. Adeus! Ficarei com Agatha! Terei agora uma grande oportunidade de aperfeiçoar o francês, porque disponho de uma linda professora, inteligente e carinhosa. 24 horas por dia. Sete dias por semana!
Adeus Vale do Loire, com os seus retratos empoeirados e sem vida! Eu tenho-a aqui do meu lado. E peixes dourados também.

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