O PODER DE UMA FOTOGRAFIA
Durante
esses noves anos em que trabalho no Arquivo Histórico Municipal Theobaldo Costa
Jamundá, tive a oportunidade de presenciar histórias emocionantes. Uma delas eu
compartilho hoje aqui nesta coluna. Um senhor, que não identificarei o nome,
certa vez procurou o Arquivo Histórico em busca de uma foto da casa de seus
pais. Era também a casa em que cresceu, passou a infância e que não existe
mais. Os seus pais também eram falecidos. E ele queria ver uma foto dessa casa.
Fui procurar e acabei encontrando, conforme a descrição dada por ele. Entreguei
em suas mãos. Imediatamente ele levou um susto, percebi pelo seu semblante, e
seus olhos encheram de lágrimas. Essa imagem eu retenho em minha memória, um
dos momentos mais belos que presenciei no exercício de minha profissão. Aquele
homem, ao ver uma foto antiga de sua casa, emocionou-se. Emocionou-se porque
ela não existe mais. Porque os seus pais já não estão mais por aqui. Entretanto
– e esse é o motivo do título desta coluna – através de uma simples fotografia,
quantas lembranças ele recordou naquele momento? Pude apenas imaginar a saudade
que ele teve daquela casa, seu antigo lar, e dos seus pais. O poder da
fotografia... No Arquivo Histórico onde trabalho é comum termos fotos assim: de
lugares que não mais existem, de pessoas que já faleceram, de momentos que não se
repetiram. E eles estão guardados na forma de fotos. Estão à disposição de quem
queria olhar, pesquisar, conhecer um pouco mais da história. E muitas dessas
imagens foram doadas pela comunidade indaialense. Para encerrar, faço um
pedido: quem possui fotos antigas, não as chame de velhas e sem valor. Guarde-as
com carinho, pois são o registro de um tempo, de pessoas, de lugares que mudaram
muito ou não existem mais nos dias de hoje.
Luiz Cláudio Altenburg
Jornal O Indaialense, Nº05, 30 de março de 2017
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