Sobre a Coluna O Resgate de um Espaço

Deus do Céu.

O que é isso? Que forma de se escrever é essa?

Por acaso algum problema se resolve dessa forma?

"Natureza Estranha" - isso é jeito de se escrever sobre pessoas? Sim, pessoas. Os desordeiros, viciados, vândalos, porcalhões e outras depreciações, são pessoas, cidadãos, seres humanos.

E outra: ao se escrever sobre isso, ao se falar que o Parque Ramiro Ruediger está uma zona, classificando aquele espaço de "Reduto da Escória Social", está sendo resolvido o problema? Não, não é não. Isto não resolve coisa alguma. Denota apenas um preconceito, grande, enorme, avassalador. Por causa dele, os andarilhos serão mal vistos sempre.

PRECONCEITO...

Viciados? Por que eles são viciados? Alguém já foi lá conversar com eles sobre isso? Alguém foi lá ouvir suas palavras, olhar nos seus olhos?

Muito fácil colocar as pessoas em compartimentos. "Porcalhões", "Viciados", "Natureza Estranha", todos são compartimentos e longe de resolverem qualquer coisa. Muito pelo contrário, colocam uma pá de concreto armado por cima.

E assim o problema persistirá. Porque eles nunca serão considerados, ninguém irá tentar ajudá-los. Preconceito não é ajuda, é preconceito.

Talvez porque essas pessoas usem roupas sujas, rasgadas e não sejam perfumadas, elas firam os nossos sentidos. E assim nos sentimos mal. Nos sentimos mal e queremos que essas pessoas simplesmente desapareçam. Porque elas desaparecendo, o problema acaba e continuamos vivendo nossas vidas tolas e quiméricas, andando nos parques ensolarados, tomando sorvete.

Vida tola e quimérica, porque essas pessoas saindo de nossas vistas, o problema não desaparece. Ele continua, nos morros, debaixo das pontes, em prédios abandonados, e em outros locais, de preferência longe dos shoppings, da rua XV, dos centros comerciais, das casas enxaimel.

Mantemos as aparências. Mas ela é como uma plástica: suaviza de um lado, alisa, tira a mancha, mas pelas laterais ou por dentro, a verdade continua. Mascaramos nossa vida, e para quê?

As calamidades de novembro de 2008 deixaram de ecoar em nossos ouvidos? Continuamos vivendo, como se nada tivesse acontecido?

Colunas como a que Valther Osthermann escreveu no dia 20 de julho de 2009 no jornal do Santa, não resolvem nada, nunca resolverão coisa nenhuma. Apenas sedimentam um preconceito - este sim, sempre rondando os blumenauenses. Triste, muito triste.

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