A Ambição do Menino

Pessoal, hoje quero compartilhar com vocês um material que caiu na minha mão, de uma forma inesperada. Trata-se do artigo de uma revista do ano de 1945. Eu trabalho no Arquivo Histórico Theobaldo Costa Jamundá, da cidade de Indaial. Essa revista parou no meu local de trabalho por outro motivo. No entanto, ao ler a mesma, deparei-me com este interessante artigo, que segue abaixo. Boa leitura e depois farei postagens a respeito deste material.

(extraído da revista O Vale do Itajaí – Lavoura, Comércio, Indústria, Nº01, ano 01, de 28 de fevereiro de 1945).

A única preocupação do menino Altino, na Escola, era escrever pequenos artigos e a “composição” lhe fornecia as maiores notas.
Não conhecia, ainda, o significado do título de “jornalista”, mas assumia a responsabilidade dos trabalhos publicados num jornalzinho manuscrito. E quando um dia recebeu um convite para colaborar, de verdade, num grande jornal, não coube em si, de contente.
Era a realização dos seus sonhos.
Preparou um artigo “magistral”. Escreveu um “vastíssimo” comentário sobre a estátua de Moisés, a obra de Miguel Ângelo. E no dia seguinte, o jornal ao lado do coração, dirigiu-se orgulhoso para a Escola.
Enfim, havia conseguido a realização dos seus sonhos. O seu nome seria conhecido. E a imaginação criava fantasias originais.
Via-se no cargo de diretor, dirigindo um grupo de redatores, criando alguma coisa útil para a coletividade...
A voz do professor fez com que ele voltasse á realidade das coisas: - “Menino Altino, o Padre Prefeito deseja lhe falar”.
- Devia ser algum fato banal. E se dirigiu, sem o menor receio, para a sala onde estava o Irmão Superior.
Assim que entrou, teve um momento de orgulho. Na mesa do Padre Prefeito estava aberto o jornal, onde ele escrevera na véspera.
- “Na certa serei elogiado”, falou, consigo mesmo, enquanto cumprimentava respeitosamente.
- O silêncio foi a resposta à sua saudação.
E surpreso, sem poder articular uma palavra de protesto, ouviu a censura do Padre Superior: - “Então, foi você quem escreveu este artigo, Menino Altino? Horrível... Isto é uma vergonha, não só para os seus pais, como também para os seus mestres”.
- O resto ele não ouviu. A sua cabeça parecia estalar. O seu desejo era sumir, desaparecer para sempre.
E quando saiu da sala, abatido, acabrunhado, as lágrimas lhe corriam pelas faces.
Entretanto, reagiu. Prometeu, a si mesmo, que só voltaria a escrever quando tivesse conhecimento do português, quando pudesse, enfim, ser um grande jornalista.
Essa história verdadeira passou-se no dia 23 de junho de 1910. E o menino de outrora, é hoje, o grande jornalista Altino Flores.

Comentários

  1. Obrigado Luiz Cláudio. Pouco se sabe sobre este grande florianopolitano. É preciso divulgá-lo. Acho que nem mesmo os professores das escolas que o homenageiam com o nome sabem a respeito dele.

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