Pena de Morte

Eu escrevi no blog há um tempo atrás, que algumas pessoas se sentem incomodadas com outras, e essa incomodação vai até o ponto (conforme eu concluo de acordo com o que dizem ou escrevem) de desejarem um paredão de fuzilamento. Assim, os maus elementos da sociedade seriam varridos de vez e a sociedade poderia respirar tranquilamente.
Pois eis que eu abro o Jornal de Santa Catarina de hoje (27 de setembro de 2010) e leio na coluna de César Zillig o mesmo defendendo a pena de morte! No seu artigo, Zillig inicialmente citou o nome de diversas pessoas que executaram dezenas de outras e atualmente encontram-se em liberdade. O colunista do Santa escreveu ainda que nos últimos dez anos milhares de assassinatos aconteceram no Brasil e muitos estão longe de uma solução. Isso tudo é verdade.
 
Mas é errado ele escrever afirmando que a pena de morte é a solução para esses casos, porque defenderia a vida. Não concordo. A pena de morte defende o direito de vigança, o "olho por olho, dente por dente". Defende a volta do pensamento medieval nos dias atuais. Na Idade Média, as pessoas pouco se importavam com a vida alheia. Inclusive a justiça era cruel arbitrária.
 
Parece que na cabeça de algumas pessoas o assassino, o pedófilo, o estuprador tem a sua vida diminuída, perde o seu valor.
 
Fez vai ter que pagar. Matou vai ter que morrer. - Isso é típico do olho por olho, dente por dente, que vigorava na época de Jesus, há mais de 2000 anos. Será que noss senso de justiça não melhorou nem um pouquinho?
 
Nosso senso de reeducação. O assassino, a pessoa que comete um crime grave não pode ficar impune. Deve ser recolhido e viver isolado da sociedade, ocupando o seu tempo em oficinas de trabalho e e aprendizado, para que ele aprenda alguma coisa, para que se regenere ou pelo menos se dê conta do que fez.
 
Mas se matarmos os bandidos com a pena de morte, o que ele irá aprender? Nada. Com a pena de morte, é como se nós disséssemos para alguém: - você não tem jeito! Nós vamos te matar!
 
Apenas nos livramos da sua presença incômoda. Mais: a pena de morte é o recurso de último de quem é incapaz de lidar com o problema e procura resolvê-lo simplesmente "matando" o problema. Ou ainda a forma como as pessoas dão vazão aos seus piores instintos (ódio, raiva, vingança). Porque do meu ponto de vista, apenas isto justifica a prática da pena de morte nos dias atuais.
 
Instinto, vingança, incapacidade de reeducar, de sociabilizar.
 
Concordo que um crime hediondo gera indignação e brutalidade, or e sofrimento para familiares e pessoas envolvidas. Entretanto, com a pena de morte, os seus defensores tem os mesmos sentimentos: indignação, brutalidade, e inclusive um prazer sádico de querer ver o autor do crime ser varrido do mapa para sempre.
 
Não há melhora alguma aí. Continuamos os mesmos.
 
Não concordo com o que o colunista César Zillig escreveu, que a pena de morte é a defesa da vida. Existem casos de pessoas que são executadas e que logo depois se descobre que elas eram inocentes da silva (isso aparece nos jornais, noticiários, internet). Então como a pena de morte pode ser a defesa da vida? Se ela é arbitrária, vingativa e incapaz de reeducar?
 
A pena de morte é também assassinar alguém. Um novo assassinato (a pena de morte) resolve o problema do primeiro assassinato? 


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