Grito de Agonia (2004) parte 2

Isso foi antes das drogas, antes dos líquidos entorpecentes que a deixavam eufórica, mas que paralisavam a sua razão.

Desde então, não teve mais notícia de Pedro, de seus pais, de seus amigos.

Momentos antes do show, Jenifer estava angustiada. Queria sair dali, ficar deitada em uma cama e esquecer da sua vida. Se pudesse queria dormir para não mais acordar, para calar a voz da consciência que a martelava sem cessar. Queria ficar sozinha, longe das amizades que sempre a recebiam com um sorriso no rosto e uma garrafa de whisky nas mãos. Alguém para conversar, em quem ela pudesse confiar, mas não havia ninguém.

Logo o show teve início. A jovem e bela vocalista esboçou um sorriso forçado e pôs-se à frente no palco. A multidão silenciosa até aquele momento, começou a gritar e a fazer algazarra quando a viram começar o espetáculo.

Na terceira música, mais ou menos, a vocalista subitamente parou. Não conseguia mais. Embora sua voz estivesse ali, embora soubesse as letras de cor, não podia mais seguir. Largou o microfone. Os seus músicos entreolharam-se assustados. Isso nunca aconteceu antes. Começou a chorar, como criança pequena, na frente de cinqüenta mil pessoas. O público não entendeu muito bem o que estava acontecendo e continuava a gritar e a delirar.

Colocou as mãos no rosto. Ficou de joelhos. No íntimo pediu ajuda. Queria uma solução para os seus problemas. Chegou num ponto em sua vida em que precisava tomar uma decisão: viver ou morrer. Optou por viver.

Sentiu uma energia nova, uma vibração que serenou um pouco sua angústia. Uma voz como que dizendo: “levanta, não estás sozinha. Reergue-te e busca os valores interiores. Confia em ti Jenifer!”

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