Grito de Agonia (2004) parte 1

Pessoal, hoje eu coloco o conto Grito de Agonia, meu primeiro - e até agora, único - conto publicado num livro. Ele está no livro II Concurso SEB Contos, Crônicas e Poesia, da Sociedade Escritores de Blumenau.

Espero que gostem.

O silêncio era geral. Cerca de cinqüenta mil pessoas ficaram a madrugada toda em pé, à espera do espetáculo principal.
Outras bandas haviam passado, com suas músicas repletas de acordes delirantes. O público estava eufórico. Diante da expectativa do último conjunto a se apresentar, ninguém conseguia dizer nada.
A vocalista era jovem e bela, ícone de sua geração. Suas roupas, seus trejeitos, sua postura no palco e sua bela voz como que anestesiava as exaltações das pessoas que vinham vê-la. Todos a seguiam como um exemplo. Imitavam sua roupa, seu jeito rebelde, suas atitudes.

No entanto, Jenifer não estava bem. Doente há algum tempo, havia se envolvido com parceiros diversos na área do sexo em desvario. Esses encontros onde o amor está longe de comparecer eram regados por altas doses de bebidas estimulantes e drogas.

Por meses esses encontros se repetiam, exaurindo as energias de nossa vocalista. No entanto, sua voz bela e a sua juventude ainda eram cultuadas pelos seus fãs que ansiavam por vê-la uma vez mais.

Os seus companheiros do grupo musical sabiam que ela andava diferente. Seu comportamento havia mudado. Não tinha mais apetite, estava emagrecendo. Por vezes o seu humor oscilava muito; numa hora estava alegre, noutra triste. Tinha também ímpetos violentos de quebrar os objetos que estavam em sua volta.

Mas mesmo assim sua voz melodiosa continuava. O público fiel a estava esperando e ela não poderia decepcionar seus fãs. Bela nos seus 23 anos e rica, tinha uma vida invejada por muitos. Mas no íntimo, seu coração gemia de dor. Queria gritar, romper o silêncio e botar para fora todas as suas angústias.

Há quanto tempo não via os seus pais? Difícil precisar. Desde que a fama bateu à porta de sua vida, ela nunca mais teve tempo para os seus familiares, para os amigos ou mesmo para o seu antigo namorado Pedro, com quem havia trocado as primeiras carícias de amor.

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