Papo de Elevador (2009) parte 2

DURANTE O EXPEDIENTE

- Alô?
- Oi Dona Priscila, é o João, tudo bem?
- Tudo, João.
- Faz favor, eu quero uma ligação para o escritório Morumbi.
- Deixa comigo.
- Obrigado. Tchaau.

- Escritório Morumbi, Élson, bom dia.
- Bom dia Élson, aqui é o João Alberto, de Escritórios Guadaloupe, tudo bem?
- aham.
- Seguinte João, nós vamos entregar para vocês, uma pauta de nossa próxima reunião.
- Aham.
- Você sabe do que se trata, certo?
- Bem, não.
- Não?
- Olha eu vou te passar para o departamento administrativo, ok? Eles vão poder te atender melhor.
- Certo então. Muito obrigado. Aquele abraço.
- Aham.

FINAL DO EXPEDIENTE.

- João Alberto.
- Oi Chefe, como estão as coisas?
- Não vai esquecer aquele relatório de junho. Eu o quero amanhã de manhã pronto.
- Pode deixar não se preocupe. Está tudo sobre controle.
- Quero ver mesmo. Vou indo, que preciso sair mais cedo, irei ao dentista.
- Bom dentista, então. Tchaaau.

NO ELEVADOR

- Bom dia João.
- Bom dia Suzy, tudo bem?
- Sim. Melhor agora.
- Mesmo? Ora, são os seus olhos.
- Imagine.
- Pois é. Será que chove hoje?
- Não sei. Parece que tem umas nuvens pretas no céu.
- Sério? E eu nem vim de guarda-chuva.
- Mas você não tem carro?
- Tenho, tenho sim. É por isso que não tenho guarda-chuva.
- Aham.
- Bom, e é apenas segunda-feira.
- Aham.
- Temos toda a semana pela frente ainda.
- Aham.
- Eu vou descer aqui. Tudo de bom pra ti, Suzy. Aquele abraço. Tchaaau.
- Tchau João.

EM CASA

- Oi Amor.
- Oi Querido.
- Tudo bem?
- Mais ou menos. É muito trânsito, desanima qualquer um.
- Você é forte e por isso eu me casei com você.
- Que bonitinho. Senta aqui. Conta. Como foi o seu dia?
- O de sempre. Funcionários legais, chefe em cima da gente, ligações, reuniões.
- Que tédio.
- Você nem imagina.
- Mas falando sério, não marca nada para este final de semana. Eu quero você só para mim.
- Este final de semana? O próximo agora?
- Sim. Por quê? Marcou alguma coisa? A gente nunca tem um tempinho juntos para as nossas coisas.
- Ah, nós temos sim. Eu tenho um tempinho toda noite para você.
- Eu me refiro a OUTRAS coisas.
- Ah, aham. E que eu pensei que...
- Tire a mão daí, nós estamos conversando.
- Aham.
- Você marcou exatamente o que, neste final de semana?
- Bom, tem um encontro com o Agenor na casa dele.
- De novo? A gente foi lá semana passada.
- Qual é o problema?
- Vocês ficam falando de futebol e jogando conversa fora. Não gosto.
- Mas tem a esposa dele, a Katiana.
- Ela só fala de fofocas e atores de novela.
- Amor, não faz assim, vai ser bom.
- Eu tinha pensado num programa diferente. Uma vez podemos fazer algo que eu queira.
- Está bem, o que o meu amorzinho quer?
- Eu pensei em viajarmos à praia.
- Lá?
- Sim.
- Com os teus pais?
- Eles não estarão. É que faz tanto tempo que eu não vou para o litoral. A casa estará vazia. Será bom curtir um solzinho, tomar um banho no mar.
- Não tem nada para fazer lá.
- Eu estarei lá, amorzinho.
- Puxa, que divertido.
- Vai amor, deixa. Teremos a casa todinha só para nós dois. Um final de semana inteiro. Imagine: uma segunda lua de mel.
- Aham. A lua de mel já acabou faz tempo. Tudo propaganda enganosa.
- João Alberto, eu quero ir! Eu sempre vou aos seus programas. Chega. Agora é minha vez de escolher.
- está bem, está bem. Eu vou. Não fica braba.
- Oba.
- Tudo para agradar o meu amor.
- Você fica tão bonito contrariado.
- Vai rindo vai.
- Liga para o Agenor desmarcando. Não esquece.
- Tem pelo menos TV a cabo lá na praia?

(continua)

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