Outro dia, um jovem professor começou o seu primeiro dia de aula, numa conceituada escola da região. Logo na entrada, ele encontrou uma senhora negra, vestida com uma calça jeans e uma camiseta vermelha.
- Deve ser a servente - pensou. E adentrou na escola, cheio de si, afinal era um professor.
Jovem, bem graduado e inteligente, no seu primeiro dia de aula na escola, se destacou nas aulas e conquistou a confiança dos outros professores e da diretoria.
Tranquilo do seu potencial, na hora do intervalo, entrou na sala dos professores e encontrou todos os seus colegas ali, fazendo um lanche e se preparando para as aulas seguintes.
O jovem professor começou a falar sobre as mudanças políticas que se faziam necessárias, a fim da escola atingir todo o seu potencial. Os demais colegas presentes na sala, ouviram-no com atenção uns, e com interesse outros.
Ao final da sua palestra, porque apenas ele falou, adentra na mesma sala a mulher negra, de calça jeans e camiseta vermelha.
O jovem professor, cheio de si, nem deu muita importância para aquilo e continuou a falar, discorrendo quase num discurso inflamado.
- Com licença, senhor professor.
O jovem tomou um susto. Não era acostumado a ser interrompido. O susto foi ainda maior, quando viu que a senhora negra de calça jeans e camiseta vermelha foi quem o interrompeu.
- Com licença senhor professor, mas se me permite dizer, a sua fala está equivocada.
O jovem corou. Seu sangue subiu até na cabeça. Achou aquilo uma insensatez da senhora. Como uma servente poderia conhecer esses assuntos, e mais ainda, opinar sobre os mesmos?
- Senhor professor, no meu último semestre de pedagogia na faculdade, um professor pensava da mesma maneira que o senhor. Que a política deveria dar conta do recado e melhorar a situação das escolas. Eu protestei, dizendo que ele estava equivocado, porque não cabe aos políticos resolverem o problema das escolas, e sim nós mesmos, os professores e educadores comprometidos com a seriedade e o exemplo. Somente assim poderemos reverter as dificuldades que assolam o ambiente escolar.
A senhora negra ainda discorreu mais um pouco sobre o assunto, pautada em justificativas sólidas.
O jovem professor, aturdido e nervoso, deixou-se encostar numa cadeira e não abriu mais a boca. Estava envergonhado, porque supunha que aquela senhora negra era uma pessoa comum, mundana, quando na verdade era uma professora, com uma grande bagagem de conhecimentos e experiências. Desde aquele dia em diante, nunca mais julgou ninguém pela aparência, cor ou credo. E sempre cumprimentou aquela senhora, que tanto tinha a lhe ensinar.
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